Série: Pergunte ao Luthier #4 - Limpar Cordas, é possível?

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Quem dera se as cordas nunca enferrujassem ou nunca perdessem suas propriedades sonoras, como seria perfeito 😓.Infelizmente nada é eterno, exceto a nossa vontade de aprender e a persistência em manter o instrumento em dia né?

Bom pessoal, conforme comentei em um post anterior referente a troca de cordas, preparei esse material com muito carinho para dar aquele UP nas suas cordas.
A intenção aqui é manter as cordas por mais tempo, ou seja, prolongar mais a sua vida útil. Como abordado no post da troca de cordas, as cordas sofrem desgaste pelo oxigênio (ar que respiramos), suor, gordura dos dedos e ácido úrico. Para que possamos prolongar esse encordoamento para que a duração se estenda mais, irei dar algumas dicas de produtos e até reforçar o que falei anteriormente.

Pois bem, a ideia central desse post é mostrar as possibilidades eficazes de prolongar a vida útil do encordoamento, mas isso não signifique que o mesmo não precise ser substituído com devida frequência para melhor desempenho de seu instrumento e seu som.

Pensando em todos os públicos irei mostrar as formas mais simples de procedimento até procedimentos com produtos específicos para esse fim. Afim de tornar acessível a informação a todas as pessoas.

Vamos primeiramente listar os materiais necessários:
  • Flanela para passar de produto;
  • Flanela para retirar o excesso do produto;
  • Produto para limpar, conservar e/ou condicionar o encordoamento;


Produtos:

Fluido de Isqueiro: Este material já utilizei no passado e se mostrou bastante eficaz.
O Procedimento para utilizar esse produto é simples:
  • Passa-se o produto em uma flanela e espalha-se sobre as cordas.
  • Em seguida, passa-se outra flanela limpa para retirar o excesso do produto e pronto, suas cordas estão limpas e protegidas contra corrosão. 
Este procedimento tanto quanto os demais, terá melhor eficácia se você o fizer após tocar o instrumento para limpar as impurezas que ficam depositadas em cima do encordoamento ao tocar o instrumento.



Micro Óleos Desengripantes:

Como existem várias marcas de produtos no mercado, estou mostrando os principais que usei e são fáceis de encontrar em qualquer comércio onde venda peças de veículos ou ferragens em geral. Em algumas cidades até no super mercado se encontram esses produtos.
O procedimento é o mesmo utilizado com o fluido de isqueiros.


👉 IMPORTANTE: Os micro óleos e o fluido de isqueiro são eficientes, cumprem o que prometem porém se puder usar produto especializado e específico para esse fim melhor. Eu só uso micro óleo se realmente estiver em uma situação onde estou longe da minha oficina e não tenho produto adequado para esse serviço. Na minha humilde opinião uma coisa que eu não gosto em utilizar esse tipo de produto é a oleosidade própria da composição desse produto, que fica em cima mas cordas. Dá a sensação de que tem azeite em cima e eu particularmente não gosto dessa sensação. Mas como eu falei no início do post, listei o que funciona e o que as pessoas podem utilizar e encontrar na sua cidade.


Produtos especializados para instrumentos musicais:

Dunlop 65 String Cleaner & Conditioner:
Este é o mais conhecido dos produtos específicos para função. 
Senso simples de aplicar pois possui aplicador no próprio 
produto.

Fender Speed Slick:

Este produto também é bastante eficaz e possui aplicador bem versátil onde pega boa parte das cordas podendo em uma única aplicação abranger várias cordas ao mesmo tempo. Utilizo este modelo aqui na luthieria.










Planet Waves XLR8:

Assim como os anteriores, possui aplicador de fácil manuseio e a embalagem após terminar o produto pode-se usar como porta palhetas.





 



O Procedimento de utilização dos produtos acima é simples:

  • Utilizar o aplicador sobre as cordas, passando da forma que desejar (Do headstock até a ponte ou vice-versa);
  • Após passar o produto retirar o excesso com flanela;

Série: Pergunte ao Luthier #3 - Como limpar o instrumento? (Parte 1)

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Essa nossa série "Pergunte ao Luthier" são perguntas que clientes fazem pra mim e resolvi compartilhar esse conhecimento a todas pessoas aqui no blog. Com o incentivo a manterem seus instrumentos o melhor possível em dia para que não fiquem em situações onde nem levando ao luthier resolva o problema.

Antes de partirmos para os procedimentos, preciso fazer alguns apontamentos importantes para que não hajam desastres em seus instrumentos:

Primeiramente cuidar o tipo de acabamento o instrumento tenha:
Alguns tipos são: Verniz brilhante, verniz fosco, acabamento natural (Sem verniz), goma laca, verniz nitrocelulose.

Verniz Brilhante: Este é um dos mais comuns e utilizados em praticamente quase todos instrumentos.






Verniz Fosco: Também chamado de acetinado é aquele cuja a aparência parece chapada, opaca como exemplo neste violão. 
 
 
 
 
 
 Goma Laca: Geralmente encontrado em instrumentos clássicos como: Violino, Cello, Viola de Arco. A Aparência lembra bastante o verniz brilhante também, porém exige alguns cuidados diferenciados.

Sem Verniz: Um exemplo que possamos encontrar é o instrumento sem acabamento em verniz. Muito raro hoje em dia mas é uma possibilidade. Para manter o brilho recomendo utilizar produtos que contenham carnaúba em sua composição.



Verniz Nitrocelulose: Geralmente esse tipo de acabamento vem nas guitarras Gibson e exige cuidado extremamente especial na hora de limparmos.

 

Após sabermos o tipo de acabamento que nosso instrumento possui passaremos para continuação na parte 2 do post para que não fique muito extenso e possamos direcionar melhor a explicação.


Série: Pergunte ao Luthier #3 - Como limpar o instrumento? (Parte 2)

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Depois de sabermos qual o tipo específico de acabamento que nosso instrumento tem, partimos agora para as dicas básicas de limpeza.

Limpeza Inicial:

  • Devemos inicialmente limpar o instrumento com flanela de microfibra. Friso o uso da flanela de microfibra pois ela não riscará seu instrumento no processo de limpeza;
  • Se não tiver no momento uma flanela de microfibra, poderá usar inicialmente algodão ou estopa;
  • Esse procedimento será igual para praticamente todos os tipos de acabamento e tem como objetivo remover impurezas da superfície do instrumento a fim de que os mesmos detritos não ocasionem em riscos e hologramas desnecessários em seu instrumento musical;

Verniz Brilho: Após o procedimento acima, podemos utilizar alguns produtos no mercado para esse fim. LEMBRANDO que aqui queremos abrir brilho e não o contrário. Existem vários produtos, irei citar um que utilizo aqui na luthieria para esse fim. Utilizo o Guitar Polish da Fender.

O Procedimento é bem simples: Feito a limpeza do pó e detritos anteriormente, basta borrifar o produto sobre a área que iremos limpar e passar a flanela de microfibra em movimentos circulares. Lembrando que não há necessidade de pressionar forte a flanela, deixe-a deslizar com o mínimo de pressão possível para que não ocorram riscos no instrumento. Feito este procedimento vira-se o outro lado da flanela e retiramos assim o produto abrindo brilho intenso.
 
Verniz Fosco/Acetinado: Este tipo de verniz requer um pouco de atenção, pois qualquer descuido poderá ocasionar manchas irreparáveis nesse tipo de verniz.
A minha orientação seria: Inicialmente usar um pincel para retirar partículas de pó do instrumento e em seguida utilizar um pano macio com álcool para limpeza.
NÃO RECOMENDO EM HIPÓTESE ALGUMA o uso de lustra móveis. O Lustra móveis poderá deixar uma fragrância agradável de imediato mas por possuir geralmente silicone em sua composição poderá manchar o acabamento do instrumento.


Verniz Nitrocelulose: Este tipo de verniz requer bastante atenção, pois existem produtos muito específicos para esse tipo de acabamento. Se utilizarem o polidor da Fender, poderá ocorrer esbranquiçados com o tempo. Recomendo utilizarem produto específico para esse tipo de acabamento. Utilizo o ONE da Music Nomad para esse fim, mas existem outros no mercado muito bons também.

Bom pessoal, espero de coração que essas dicas ajudem a manter o instrumento em dia.

Série: Pergunte ao Luthier #2 - Quando trocar as cordas?

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 A pergunta acima parece ser absurda ou simplesmente ser respondida assim: "Quando as cordas enferrujarem você as trocas, simples 😆😆😆".

Se fosse tão simples assim não precisaria fazer um post assim né? hehehe.

Bom meus amigos(as) as cordas influenciam diretamente no timbre do instrumento, existem vários tipos de encordoamentos com variados tipos de materiais na sua composição e cada um proporciona um tipo diferente de timbre. Essas diferenças explicarei em um futuro post, pois hoje iremos abordar a questão da substituição do encordoamento.

 
Antes de qualquer menção de tempo para substituir as cordas devemos observar algumas características:
 
  1. Primeiro: Quando foram colocadas as cordas no instrumento?
  2. Segundo: Seguindo a pergunta acima é interessante anotarmos na caixinha do encordoamento que guardamos dentro da bag a data que fizemos a substituição do encordoamento. Se caso você não tem o costume de guardar a caixinha, anote onde for mais conveniente (vale tudo até agenda do celular hehehe).
  3. Terceiro: Mesmo que as cordas não estejam como da imagem acima, totalmente ou parcialmente oxidadas, não significa que não devam serem substituídas. Então um ponto importante é prestar a atenção no timbre do instrumento. Por exemplo: Notasse que o instrumento está perdendo "volume" ou não está rendendo, tendo que dar boost ou até mesmo aumentar o volume no amp para "vir mais" som.

Dito isso, em média o encordoamento tem uma vida útil dependendo das condições em que ele é mantido. Geralmente encordoamentos intermediários (não citaremos marcas) se o instrumentista usa bastante o instrumento, perdem a capacidade de lhe entregar um timbre e volume em torno de 1 mês de uso.
Já alguns tipos de encordoamento mais caros, aos quais, tem identificado na própria embalagem que são encapados podem durar 8 meses ou até 1 ano.

Conclusão: A hora certa de trocar o encordoamento é:
  • Quando ele não está mais rendendo sonoramente;
  • Quando apresenta pontos de oxidação.

👉 IMPORTANTE: Um lembrete para todos é que cada instrumentista tem organismo diferente e pode ter diferentes graus de suor. Neste suor das mãos encontramos o ácido úrico que é além do ar que respiramos, responsável pela oxidação do encordoamento. Então preste atenção nesses fatores também quando for observar o ponto de troca de cordas. 

💬  DICA: Uma forma de retardar o processo de oxidação do encordoamento é após tocar o instrumento passar uma flanela sobre as cordas para remover o excesso de gordura, impurezas, suor/ácido úrico que ficam impregnados no encordoamento.

Em um próximo post abordaremos melhores procedimentos para que possamos manter as cordas em dia.


Série: Pergunte ao Luthier #1 - Trastes: Nivelamento ou Substituição?

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Acredito que uma das coisas mais chatas em ter um instrumento seja aquele zumbido "show de bola" ocasionado por trastes amassados, popular trastejo.
Mas uma curiosidade que de repente o instrumentista não faça ideia é como esse problema surge em seu instrumento.

Em virtude desse problema estou aqui para orientar da melhor maneira como evitar esse tipo de problema e também desmistificar a questão que muito profissional de luthieria mal intencionado, força o cliente a fazer a substituição do traste a fim de ganhar uns trocados a mais. Entendo que estejamos enfrentando tempos difíceis com pandemia, alguns estabelecimentos comerciais sendo fechados e pessoas perdendo o emprego, mas podemos trabalhar de forma honesta e ajudar o próximo também.

Dito isso meus amigos, o principal ponto que devemos observar é o posicionamento dos dedos nas cordas. Muitos instrumentistas tem o costume de apertar as cordas com força até cavocar a escala e alegam que isso é "pegada".
Acredito que pegada ou "feeling" como alguns preferem usar, não esteja relacionado a força, muito menos a um argumento vazio (famosa desculpa) para não admitir que não sabe tocar o instrumento corretamente.

O Posicionamento correto dos dedos nas casas e sobre as cordas implica principalmente na ação que as cordas tem sobre o braço, escala e posteriormente os trastes. Me refiro a altura das cordas, quanto mais baixas menos força teremos que aplicar na cordas para que elas produzam as notas ao tocar.
Uma explicação que sempre dou aos clientes aqui da luthieria no que diz respeito a postura da mão esquerda (no caso dos destros) sobre a escala é apertar a corda para que ela apenas fique sobre os dois trastes sem encostá-la na madeira da escala pois isso irá semi tonar a nota e ocasionar o amassado do traste.

Claro que além disso, contamos com variados tipos de instrumentos e material em que os trastes são feitos. Instrumentos mais em conta ou de entrada, vem com trastes mais simples, já instrumentos mais caros o material é muito mais rígido e de melhor qualidade.

Enfim, respondendo a pergunta do titulo:
Devemos substituir os trastes quando o amassado do mesmo estiver baixo o suficiente que nem uma retífica (nivelamento) consiga deixa-lo com material suficiente para que possamos executar a postura e posicionamento correto para tocar a nota.

Mostrarei a seguir alguns exemplos onde a retífica será mais eficaz para que possam entender o que estou falando:

Nesta imagem à esquerda podemos ver que o amassado é pouco e com a retífica irá ser desbastado pouco material então não haverá necessidade de substituição.
 O mesmo acontece
nesta imagem da direita.
O Amassado é quase que superficial,
portanto, o processo de nivelamento irá resolver o problema do trastejo.






Espero que essa questão tenha sido totalmente sanada com a nossa explicação.

👉 E lembre-se, sempre consulte um profissional para fazer o reparo em seu instrumento. Acho bacana a pessoa ter força de vontade e querer ela mesmo aprender a fazer o serviço, mas devemos aceitar que nem tudo sabemos e antes de piorar a situação melhor entregar para quem entende fazer o procedimento.


Série: Pergunte ao Luthier #0 - Guardar o instrumento afinado ou soltar as cordas: eis a questão?

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Uma dúvida que perturba bastante quem gosta de cuidar bem de seu instrumento.
Há um tempo atuando como luthier na cidade, me deparei com variados casos de braço desregulado.
Após o conserto, orientamos todos os clientes de como armazenar o instrumento e os cuidados necessários para que o instrumento não venha a apresentar novamente o problema.

Aqui na cidade, mais precisamente no estado (Rio Grande do Sul) onde atuamos, temos bastante diferença de temperaturas. Nosso clima subtropical úmido requer cuidados redobrados com instrumentos musicais, principalmente instrumentos de cordas.

Para entendimento de todos vamos relembrar os primórdios dos violões aqui no Brasil.
Antigamente os violões não eram fabricados com o tensor no braço, isso por si nesta ocasião o cuidado com instrumento requeria atenção. Já que havia ausência do tensor, eramos obrigados a desafinar o instrumento após tocar para que o braço não sofresse desalinhamento por tensão das cordas e/ou empenasse. 
Atualmente praticamente todos instrumentos vem com tensor instalado no braço do instrumento para que, com ajuste adequado feito por profissional, o braço não sofra alteração devido a tensão contrária das cordas sobre ele.

Então respondendo a dúvida mortal da postagem:

Instrumentos Sem Tensor: Guardar em local que não tenha excesso de temperatura, seco, arejado e com as cordas soltas.

Instrumentos que possuem tensor: Guardar o instrumento afinado e em local seco, sem excesso de temperatura e arejado.

👉 Dica importante: Sempre guardar o instrumento com as cordas para baixo se for guardado em case. se for em capa/bag guarda-lo de preferencia em pé com as cordas viradas para a parede. 


Lembrando que esta é uma dica para contribuir nos cuidados de armazenagem do instrumento para que não empene mas recomendamos que o instrumento seja revisado periodicamente e qualquer alteração no nivelamento do braço efetue manutenção com profissional de sua confiança.