Pergunte ao Luthier #6 - Tarraxas e o encordoamento correto.

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Quem não gosta de ter o instrumento sempre afinado e pronto para tocar não é mesmo?

Uma das coisas que recebemos bastante aqui na luthieria são instrumentos com má enrolamento do encordoamento nas tarraxas. E a pergunta que alguns sempre nos fazem: "Existe maneira correta de enrolar as cordas na tarraxa?" e também "O que isso influencia no instrumento? e a afinação como fica?"
Tantas perguntas relacionadas as tarraxas e como encordoa-las corretamente.

Exemplo de Enrolamento incorreto.
Exemplo errado de enrolamento do encordoamento.

Para início de conversa, a tarraxa além de ser um dos responsáveis para manter a boa afinação do instrumento, se má enrolado o encordoamento nela perde a performance em manter o instrumento afinado e até mesmo pode vir a sofrer avarias graves. 

Geralmente para explicarmos melhor o processo de encordoamento iremos usar dois modelos mais conhecidos de guitarra: Stratocaster (Poderia ser Telecaster tb) e Les Paul (Abrangendo a SG e pontes fixas).

No caso das guitarras tipo Stratocaster onde possuímos geralmente um rebaixador de cordas preso no headstock temos que ter cuidado com a pressão das cordas perante a pestana (também chamado de nut) do instrumento.

A formula de voltas ao redor do pivô da tarraxa em uma guitarra tipo Stratocaster é simples:

  • Começamos da 6ª Corda (Mizona): 03 voltas, pois essa corda irá ficar muito próxima a pestana e a pressão entre bends ou até mesmo alavancadas causa maior movimentação do encordoamento então ele precisa estar bem ancorado na tarraxa;
  • 5ª Corda (Lá): 03 voltas também;
  • 4ª Corda (Ré): Aqui a distância do encordoamento perante a pestana começa aumentar então precisaremos ancorar a corda com mais voltas, recomendamos 04 voltas. Se no modelo de guitarra houver rebaixador poderá ser mantido 03 voltas também, pois o rebaixador já reforça a pressão da corda na pestana;
  • 3ª Corda (Sol): A corda sol por si só é uma das que mais desafina e em alguns modelos de strato não possui rebaixador, sem o rebaixador é necessário dar maior ancoramento para que não desafine com os bends, recomendamos de 04 a 05 voltas dependendo do calibre do encordoamento. Se houver rebaixador poderá ser somente 04 voltas.
  • 2ª e 1ª Cordas (Sí e Mizinha): A maioria dos modelos Strato do mercado tem o rebaixador para aumentar a pressão destas duas cordas. Então o recomendado seriam de 03 a 05 voltas, conforme o calibre utilizado.

Guitarras modelo Les Paul/SG geralmente com tarraxas 3+3 recomendamos:
  • 6ª, 5ª e 4ª Cordas (Mizona, Lá e Ré): 03 voltas será o suficiente para um bom ancoramento.
  • 3ª, 2ª e 1ª Cordas (Sol, Si, Mizinha): 04 voltas já ajudará a manter a afinação.

Série: Pergunte ao Luthier - #5 - Limpeza: Preciso limpar completamente ou parcialmente? qual o tempo médio entre as limpeza?

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Essa foi uma das dúvidas que o pessoal teve referente ao período entre a limpeza do instrumento e como mantê-lo limpo nos intervalos de tempo até ser feita uma limpeza completa.

Parece uma pergunta tola mas a limpeza completa do instrumento recomendamos fazê-la a cada troca de encordoamento. Primeiro por questões econômicas e em segundo porque o instrumento está regulado naquele calibre de encordoamento. Então dependendo da condição climática, poderá vir a sofrer alguma alteração na regulagem de altura das cordas por exemplo. Para evitar essa possível dor de cabeça, o ideal seria fazer esse tipo de procedimento quando realmente irá colocar encordoamento novo para fazer tudo de uma vez.

 
Para tirar aquele pó que acumula em cima do instrumento, com uma simples passada de flanela de microfibra resolve, se não tiver esse tipo de material poderá usar algodão. A ideia de usar a flanela de microfibra é pelo poder de absorção de partículas e também porque esse tipo de material não risca o instrumento. O mesmo acontece com o algodão que não deixará resíduos como no caso da Estopa, que é comumente utilizada por alguns para esse tipo de procedimento.

Agora se a sujeira está impregnada em cima do instrumento, típica pelo aglomerado de suor, marcas de dedos e resíduos de sujeira, o recomendado é limpar o instrumento com ajuda de um pouco de álcool. Recomendamos o álcool 70° pois não agride o acabamento. Bastante eficaz para passar nos carrinhos, tarraxas e ferragens da guitarra justamente para que recobrem o brilho.

O tempo para fazer esse tipo de limpeza seria entre uma vez por semana ou de quinze em quinze dias. Isso dependerá de como o instrumento fica armazenado e o tempo médio de uso.

Para limpeza completa recomendamos que seja efetuada de três ou seis meses. Tempo médio para substituição do encordoamento de guitarras e violões (exceto encordoamentos de longa vida como elixir e encapados). Os baixos sofrem menor desgaste do encordoamento mas também devem manter limpeza efetiva no mesmo tempo que guitarras e violões.

👉 Importante lembrar que após tocar o instrumento é passar uma flanela limpa no corpo do instrumento e no encordoamento a fim de que não acumule suor.

 

Série: Guia Completo #0 - Tipos de Cordas (Parte 1)

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Uma das maiores maravilhas proporcionadas pela tecnologia é a diversidade de produtos que encontramos atualmente para dar aquele UP no timbre do instrumento.

Iniciando o novo tópico do blog, Guia Completo, onde iremos abordar especificações dos produtos e tentar passar informações úteis para ajudar a escolher ou até mesmo entender o funcionamento para tirar o melhor que ele pode lhe proporcionar. Hoje meus amigos iremos falar sobre os tipos de cordas que podemos encontrar. Cada qual para um tipo de gosto de estilo musical e/ou tipo de timbre específico que proporciona.

Antes de mais nada, precisamos entender as principais características que definem a corda. Essas características são responsáveis pelo timbre, brilho, peso, ataque, sustentação (sustain) e etc.

Vejamos as principais:

  • Calibre;
  • Metais;
  • Núcleo;
  • Método de enrolamento;
  • Revestimento.

Calibre (Tipo de Tensão):

O Calibre definirá a espessura do encordoamento e com isso a pegada que ele proporciona. Por exemplo um encordoamento considerado super light (alguns encordoamentos tem a denominação de extra light), tem o toque super leve como o nome mesmo diz, pouquíssima sustentação (sustain) e geralmente ataque um pouco mais acentuado que um encordoamento do tipo light ou mais pesado.

Dentro do contexto de calibre vemos geralmente a numeração e pouquíssimas vezes por extenso a característica do calibre.

Exemplos:

Super Light: Super Leve e sua numeração é 009: Começando da 1ª corda até a 6ª: .009, .011, .016, .024, .032, .042. Este exemplo é o calibre padrão, existem encordoamentos específicos do tipo híbrido onde podem vir com bordões (cordas grossas) e primas (cordas finas) com diferenças.

Cordas padrão 009








Light: Encordoamento com toque ainda leve porém com maior sustentação, devido a espessura ser um pouco mais acentuada que nas Super Lights aqui temos bordões mais presentes e agudos um pouco menos acentuados, sua numeração passa a ser 010. Aqui encontramos as medidas no padrão partindo da 1ª até a 6ª corda: .010, .017, .026, .036, .046.

Cordas padrão 010  







Média: Sua numeração passa a ser 011. A partir desse tipo de tensão a sustentação se torna mais emblemática a sonoridade torna-se mais encorpada, os agudos tornam-se aveludados devido a espessura ser maior proporcionando menos ataque e mais tempo de vibração do encordoamento. Os bordões deste tipo de encordoamento proporcionam peso, utilizados inclusive para quem deseja usar afinação 1 tom abaixo (Afinação em D) da padrão. Começando da 1ª até a 6ª temos: .011, .014, .018, .028, .038, .048.

Cordas padrão 011

 







Depois dos encordoamentos tipo Médio, temos os tipos Pesado e Híbrido. Estes e as outras características estarão disponíveis em um próximo post.